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Minha família. Daffé, Sofia, Rita e Lara |
José Carlos Daffé 19/04/2017
Em 2017, eu tinha terminado de
deitar, estava compondo e definindo o repertório do meu CD , definindo nomes de
músicos, estúdio, arranjos, como seria a capa...
Sou o sexto filho de uma família muito unida. Meu pai faleceu e
deixou minha mãe gravida de três meses, juntos viveram uns 16 anos. Minha mãe sempre
me ensinou que a família é o que temos de mais importante. Uma família de seis irmãos, Francisco e Rosa já falecidos. Pedro,
Lina, Luis, José Carlos e uma irmã
adotiva que é mais filha do que todos, minha mão era louca por essa filha “Leila
Silvana”. Criou sete filhos vendendo cuscuz e lavando roupas para raparigas em
Santa Inês na Praça da Saudade.
Meia noite uma ligação, Atendi a
ligação e do outro lado da linha minha irmã Lina, estava em prantos. Nunca
tinha visto sequer uma lágrima sair dos olhos dessa minha irmã. Ela sempre foi um mulher muito forte, mãe de dois filhos, Rafael e
Eduardo, do tipo séria e, correta. Jamais demonstrara qualquer sinal de
fraqueza diante da família.
Pensei! “Meu deus, o que
aconteceu?” Antes que eu enunciasse a pergunta, veio a resposta do outro lado
da linha: “mamãe não está se sentindo nada bem”!
Saí as pressas, quando cheguei na casa de minha mãe olhei-a
com um semblante triste e muito debilitada, um cansaço sem fim e um ronco muito
estranho no peito. Ela dia 10 de maio faria 94 anos, não comia carne, a alimentação
era peixe, frango , verdura, e tomava
vinho, ela sempre dizia que ninguém é de ferro.
Levamos para Upa do Araçagi em
São Luis – MA, ela conversando sempre com bom humor como nade tivesse
acontecendo e na realidade só ela sabia o que estava sentindo. Uma mulher que
nunca reclamou de dores, lutou muito pra criar os filhos, lutou mais até do que por si mesma, não era de tomar
remédio e muito menos ir para Hospital. Minha mão sempre tinha sua garrafada ,
aguardente Alemã, pílula contra a qual reclamava muito por ter saído do
mercado.
Chegando na Upa, sentamos na
cadeira da ante sala. Minha irmã perguntou se estava tudo bem... não respondeu
nada, trouxeram a maca quando olhei que já não tinha mais força nas pernas e
balançando com a cabeça com sinal de negação. Foi o fim, levaram para uma área
vermelha como falam, e intubaram. Sempre temos uma esperança, ela mesma sempre
me ensinou a pensar positivo, porque atrai coisas positivas, a visita era no
outro dia, das 11 ao meio dia.
Nove horas do outro dia, o médico
me liga dizendo que gostaria muito falar com a família. Pronto! Mais fui com
esperança tanto eu como minha irmã.
Fiquei frente a frente com o médico, ele muito bem humorado, simpático,
lembro que tinha tatuagens no corpo e de nome Rafael. Falamos bastante,
finalmente a noticia. Sua mãe faleceu ás 9 da manhã, ela deu uma parada
cardíaca as 7 horas e não voltou mais.
O que mais me conforta diante
disso tudo, é que minha mãe sempre foi saudável, alegre, sempre cantava e dava
a vida pelos filhos. Tinha um ditado que ela sempre dizia; “ duas coisas que eu
tenho medo. “É de homem e de cachorro doido”. Morrei como um passarinho, sem
sofrimento, em um sábado e o sepultamento foi em dia de domingo onde toda
família teve presente sem atrapalhar ninguém em seu trabalho e nos seus
afazeres. A missa será dia de Tiradentes, 21 de abril ás 17;30 também sem
atrapalhar ninguém porque é feriado.
Minha mãe faleceu em 15 de abril de 2017. Não quero ter bloqueio com essa data do seu falecimento.
Quero sempre lembrar e ascender velas e rezar, afinal era uma católica
praticante gostava muito de ir á missa. Se alguém perguntasse se ela ia orar,
na mesma hora ela dizia; “eu não oro, eu rezo”.
Só lembrando, sou casado. Minha mulher se
chama Rita. Estamos juntos há 25 anos. Tenho duas filhas, Lara e Sofia, minha
mãe era louca por elas. O apoio que Rita me deu no momento, não pode ser
traduzido em palavras. Sem ela não teria conseguido a paz e a tranquilidade no
momento.
Na realidade Vivemos um momento
estranho na nossa sociedade. Pessoas pensando só nos seus próprios umbigos,
grande intolerância coletiva, inversão de valores básicos, banimento da
gentileza, ausência de amor.
É preciso ter um propósito maior. É preciso
exercitar a sua humanidade. Minha mãe me pegou pela mão e me mostrou isso. E me
deixou isso como legado. A última lição da dona Maria de Assunção Silva, 93 anos, Piauiense de José
de Freitas
Que eu espero estar seguindo a
contento. Meu. E dela.